terça-feira, 12 de abril de 2011

DA POESIA E DA IMITAÇÃO SEGUNDO OS MEIOS, O OBJETO E O MODO DE IMITAÇÃO


Nosso propósito é abordar este tema da poética em si mesma e em seus diversos gêneros, e dizer qual a função de cada um deles, e como se deve construir a fábula visando a conquista do belo poético; e qual o número e natureza de suas (da fábula) nas suas diversas partes, e também abordar os demais assuntos relativos a esta produção. Seguindo a ordem natural, começaremos pelos pontos mais importantes.

A epopéia e a poesia trágica, assim como a comédia, a poesia ditirâmbica, a maior parte da aulética e da citarística, consideradas em geral, todas se enquadram nas artes de imitação. Contudo há entre estes gêneros três diferenças: seus meios não são os mesmos, nem os objetos que imitam, nem a maneira de imitá-los. Assim como alguns fazem imitações em modelo de cores e atitudes uns com arte, outros levados pela rotina, outros com a voz, assim também, nas artes acima indicadas, a imitação é produzida por meio do ritmo, da linguagem e da harmonia, empregados separadamente ou em conjunto.

Apenas a aulética e a citarística utilizam a harmonia e o ritmo, mas também o fazem algumas artes análogas em seu modo de expressão; por exemplo, o uso da flauta de Pã. A imitação pela dança, sem o concurso da harmonia, tem base no ritmo; com efeito, é por atitudes rítmicas que o dançarino exprime os caracteres, as paixões, as ações. A epopéia serve-se da palavra simples e nua dos versos, quer mesclando metro diferente quer atendo-se a um só tipo, como tem feito até ao presente.Carecemos de uma denominação comum para classificar em conjunto os mimos de Sófron de Siracusa (primeira metade do século V) criou o gênero que se chamava mímica, no qual se tentava apresentar uma imitação perfeita da vida. Estas imitações em trímetros, ou em versos elegíacos, ou noutras espécies vizinhas de metro.  E de Xenarco, que era poeta cômico. Não se conhece em que época viveu.

ARTE POÉTICA - ARISTÓTELES



                                           Segundo Sowa (2000) o filósofo vienense Franz Brentano organizou as categorias de 
                                           Aristóteles na forma de árvore, onde as categorias são os nós folhas e cujos ramos são 
                                                              rotulados por termos retirados de trabalhos de Aristóteles.

Sem estabelecer relação entre gênero de composição e metro empregado, não é possível chamar os autores de elegíacos, ou de épicos; para lhes atribuir o nome de poetas, neste caso temos de considerar não o assunto tratado, mas indistintamente o metro de que se servem. Não se chama de poeta alguém que expôs em verso um assunto de medicina ou de física! Entretanto nada de comum existe entre Homero e Empédocles de Agrigento foi um filósofo do século V. salvo a presença do verso.

Mais acertado é chamar poeta ao primeiro e, ao segundo, fisiólogo. De igual modo, se acontece que um autor, empregando todos os metros, produz uma obra de imitação, como fez Querémon que foi poeta trágico. E que viveu no século IV a.C. diz-se dele que era conhecido como poeta cômico porque introduziu cenas engraçadas em suas peças. Alguns fragmentos de tragédias escritas por Querémon chegaram até nós, entre eles: Aquiles, Tersites, Dioniso, Tiestes, Ulisses, Centauros. Parece que, assim como Homero, cantava os heróis da Guerra de Tróia a julgar pelos títulos das peças. Na Arte Retórica, Aristóteles o elogia por ser bom logógrafo, e fala do prazer que se sentia ao ler suas peças.

1. Teatro e Música. Nas origens do teatro grego, canto coral de caráter apaixonado (alegre ou sombrio), constituído de uma parte narrativa, recitada pelo cantor principal, ou corifeu, e de outro propriamente coral, executada por personagens vestidos de faunos e sátiros, considerados companheiros do deus Dionísio, em honra do qual se prestava essa homenagem ritualística.

2. P. ext. Composição lírica que exprime entusiasmo ou delírio...  Parece que Árion (séc. VII a.C.) compôs os primeiros ditirambos para o teatro. Segundo Aristóteles, o ditirambo (coro cíclico acompanhado pela dança, mímica apaixonada, música de flautas, talvez uma narrativa épica) deu origem à tragédia ática, quando Árion organizou o verdadeiro carnaval das comemorações dionisíacas, introduzindo um coro cíclico de cinqüenta personagens, que dançava e, decerto, fazia uma narrativa em celebração ao deus. Os primeiros ditirambos foram transplantados da Ásia Menor para a Grécia. A raiz da palavra Dionísio é trácia: nisos, filho. Infere-se que o ditirambo deve ter penetrado na Grécia acompanhando o culto desse deus.

Terpandro, poeta lírico dórico originário duma ilha de Lesbos chamada Antissa (talvez primeira metade do século VII a.C.), foi autor de composições musicais em que o canto era acompanhado por cítara. Era um tipo de canto religioso hierático, escrito em hexâmetros dactílicos, que se chamava nomo. Diz-se que esta foi à primeira associação feita entre a poesia e a música.

DITIRAMBO POESIA CORAL, NOMOS E IMITAÇÃO

No Centauro, rapsódia em que entram todos os metros, convém que se lhe atribua o nome de poeta. É assim que se devem estabelecer as definições nestas matérias. Há gêneros que utilizam todos os meios de expressão acima indicados, isto é, ritmo, canto, metro; assim procedem os autores de Ditirambo era poesia coral para honrar Dionísio. Segundo o dicionário Aurélio: (Do gr. dithyrambos, pelo latim Dithyrambu) s.m. , de nomos, de tragédias, de comédias; a diferença entre eles consiste no emprego destes meios em conjunto ou separado. Tais são as diferenças entre as artes que se propõem a imitação.

Como a imitação se aplica aos atos das personagens e estas não podem ser senão boas ou ruins (pois os caracteres dispõem-se quase nestas duas categorias apenas, diferindo só pela prática do vício ou da virtude), daí resulta que as personagens são representadas melhores, piores ou iguais a todos nós.

Assim fazem os poetas: Polignoto de Tasos (séc. V A.C.), foi pintor ateniense afamado. Pintou "O saque de Tróia" no pórtico (Lesque) Cnídio de Delfos, decorou o Pécile de Atenas.pintava tipos melhores; Páuson foi contemporâneo de Aristófanes, que zombou do primeiro na Acarnenses., piores; e Dionísio de Colofônia iguais a nós. A história grega registra bastante informação a seu respeito.

É evidente que cada uma das imitações de que falamos apresenta estas mesmas diferenças, e também alguns aspectos exclusivos delas, porém inseridos na classificação exposta. Assim na dança, na aulética, na citarística, é possível encontrar estas diferenças; e também nas obras em prosa, nos versos não cantados. Por exemplo, Homero pinta o homem melhor do que é; Cleofonte de Atenas (séc. V. a.C.) foi poeta trágico., tal qual é; Hegémon de Hegémon de Tasso era poeta cômico, especialista nas paródias. Viveu no século V a.C., o primeiro autor de paródias, e Nicócares que foi poeta cômico. Viveu no século IV a.C., na sua Delíade, o pintam pior. O caráter da imitação também existe no ditirambo e nos nomos, havendo neles a mesma variedade possível, como em Os persas e O ciclope de Timóteo de Mileto foi poeta lírico e músico. Sabe-se que nasceu em 446 a.C., falecendo em 356 a.C.. Era cortesão na Macedônia, pertencendo ao séquito do rei Arquelau. Chegaram até nós alguns fragmentos de suas obras; e Filóxeno de Citera foi autor dramático e lírico (438 a.C. a 381 a.C.). Fixou-se em Siracuso, na corte de Dionísio. O Velho.

É também essa diferença o que distingue a tragédia da comédia: uma se propõe imitar os homens, representando-os piores; a outra os torna melhores do que são na realidade.

O FILÓSOFO

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