GRÉCIA: BERÇO DA FILOSOFIA |
Embora muitas civilizações antigas tenham realizado importantes progressos científicos, nada se compara ao que foi conseguido pelos gregos antigos. Entre o século VI a.C. e o século II da nossa era, isto é, desde Tales até Ptolomeu, a civilização grega, e em particular a sua intelectualidade, iluminou a humanidade. Após este período brilhante, a “inspiração” e a civilização grega começaram a desvanecer-se.
Apesar do declínio, o sistema geocêntrico de Ptolomeu, inspirado no universo aristotélico, e em todo o conhecimento que ele encerra, pode ser considerado como uma das maiores obras astronômicas produzidas por aquela civilização, mesmo tendo em conta que não incluía muitos dos desenvolvimentos criados pela cultura grega. Podemos referir, por exemplo, que a idéia de Platão de um universo infinito, não estava contemplada, o mesmo acontecendo em relação à sugestão de Demócrito segundo a qual a Via Láctea seria um enorme aglomerado de estrelas. Contudo, em termos de evolução da astronomia, talvez mais grave, terá sido o fato de Ptolomeu ter completamente ignorado a proposta de Heraclides, segundo a qual a Terra deveria rodar sobre si própria, e a de Aristarco, que propunha que a Terra orbitária em torno do Sol.
O início da revolução efetuada pelos gregos pode situar-se por volta do início do século VI a.C.,. É também a partir dessa época que é possível reconhecer uma utilização sistemática da geometria, nos métodos adotados pelos astrônomos gregos, métodos esses que teriam uma importância fundamental na evolução da ciência, nos séculos que se seguiriam. Convém dizer que o que hoje sabemos sobre o conhecimento astronômico grego no início desta nova época, se deve às obras de Aristóteles que chegaram até nós, as quais foram escritas cerca de dois séculos mais tarde, isto é, no século IV a.C., e onde Aristóteles nos oferece uma compilação do conhecimento produzido pelos pensadores gregos dos séculos anteriores. Aristóteles refere muitas reflexões e propostas de filósofos e pensadores em geral, mas no que à astronomia e cosmologia diz respeito, merecem destaque as referências a Tales, Anaximandro, Anaxímenes, e Pitágoras, todos do século VI a.C.
Foram eles que começaram a desenvolver o método científico de investigação. Na Grécia antiga os pesquisadores começaram a se preocupar em ser céticos quanto às explicações imediatas dos fenômenos que ocorriam à sua volta. A ciência passou a ter uma forte conotação experimental e o cientista passou a ser um investigador.
A característica do gênio Filosófico grego pode-se compendiar em alguns traços fundamentais: racionalismo, ou seja, a consciência do valor supremo do conhecimento racional; esse racionalismo não é, porém, abstrato, absoluto, mas se integra na experiência, no conhecimento sensível; o conhecimento, pois, não é fechado em si mesmo, mas aberto para o ser, é apreensão (realismo); e esse realismo não se restringe ao âmbito da experiência, mas a transpõe, a transcende para o absoluto, do mundo a Deus, sem o qual o mundo não tem explicação; embora, para os gregos, o "conhecer" - a contemplação, o teorético, o intelecto - tenham a primazia sobre o "operar" - a ação, o prático, a vontade - o segundo elemento todavia, não é anulado pelo primeiro, mas está a ele subordinado; e o otimismo grego, conseqüência lógica do seu próprio racionalismo, cederá lugar ao pessimismo, quando se manifestar toda a irracionalidade da realidade, quando o realismo impuser tal concepção. Todos esses elementos vêm sendo, ainda, organizados numa síntese insuperável, numa unidade harmônica, realizada por meio de um desenvolvimento também harmônico, aperfeiçoado mediante uma crítica profunda. Entre as raças gregas, a cultura, a Filosofia são devidas, sobretudo, aos jônios, sendo jônios também os atenienses.
Independentemente das fontes onde beberam os pensadores gregos da Antiguidade Clássica, podemos dizer que a civilização ocidental tem as suas raízes mais profundas mergulhadas na civilização grega daquela época.
Na verdade, a civilização grega da Antiguidade operou uma transformação cultural e civilizacional de tal envergadura que afetou todas as áreas do conhecimento, e marcou a primeira grande ruptura verificada na história do pensamento humano. Foi esta ruptura que alterou em definitivo, e radicalmente, o percurso evolutivo da civilização ocidental. De tal forma que, passados cerca de 2500 anos, podemos dizer que a Grécia da Antiguidade continua presente. O Homem grego foi sempre testemunha de uma humanidade que quase não mudou ao longo dos tempos. A cultura grega chega aos nossos dias atingindo-nos fortemente, e se assim não fosse, o mundo ocidental não seria certamente como hoje o conhecemos.
O pensamento grego esteve presente em Mileto, com Tales, mas também em Atenas, com Sócrates, e ainda em Alexandria, com Aristarco, antes de brilhar em Siracusa, com Arquimedes. Mais tarde estará em Roma e em Florença, com os de Medicis, sem nunca deixar de influenciar a cultura ocidental até aos dias de hoje. Apesar das primeiras reflexões filosóficas sistemáticas e sustentadas terem tido a sua origem na Grécia Antiga, é muitas vezes admitido que os problemas essenciais não mudaram significativamente desde então... podendo considerar-se que os filósofos gregos “apenas” indicaram o caminho, que depois, e até à época actual, a ciência mais não fez que percorrer.
O fato dos gregos antigos ter desenvolvido esta forma de pensamento objetivo não surgiu do nada. Vários fatores culturais específicos presentes na sua civilização permitiram que o método científico pudesse se instalar entre os Filósofos da Grécia antiga. Podemos destacar alguns destes fatores:
*- o primeiro deles foi a possibilidade da discussão franca dos mais variados assuntos. Isto ocorria nas assembléias onde, pela primeira vez, o debate racional permitia que uns tentassem persuadir outros de que seus argumentos eram os mais corretos. O debate é um ponto fundamental para o desenvolvimento científico;
*- outro ponto importante foi a economia marítima desenvolvida pelos gregos. Isto impedia o isolamento e o provincianismo do seu povo. Eles recebiam, o tempo todo, muitas influências de outras culturas;
*- o terceiro fator foi à existência de um mundo bastante amplo que usava a língua grega. Isto permitia que os viajantes e, principalmente, os eruditos pudessem perambular adquirindo mais experiência e mais conhecimento. a existência de uma classe mercantil independente, que podia contratar os seus próprios professores, foi também um fator bastante importante para a sociedade grega. Isto tirava o conhecimento das mãos exclusivas dos nobres ou daqueles associados à nobreza;
*- outro ponto importante foi o fato dos gregos possuírem uma religião literária que, embora tivesse a presença de sacerdotes, não era dominada por eles. Isto fez com que a liberdade de expressão fosse maior, e não houvesse tanto medo em expressar suas opiniões.
Se você reúne todos estes fatores durante mil anos, como ocorreu na Grécia, terá, provavelmente, o resultado científico que foi obtido pelos gregos antigos. No entanto, segundo alguns historiadores, a reunião de todos esses fatores numa grande civilização é totalmente fortuita e não acontece duas vezes.
O desenvolvimento da matemática grega foi um fato da maior importância para o desenvolvimento da ciência naquela região. No entanto, os primeiros passos dados pela ciência grega, bastante rudimentar e freqüentemente sem qualquer apoio de experiências ou observações, tinham muitos erros, alguns deles bastante sérios. Por exemplo, os antigos gregos acreditavam que quando você atira uma pedra na direção horizontal, o seu movimento horizontal atua sobre ela de forma a mantê-la mais tempo levantada. Deste modo, os gregos antigos acreditavam que se você deixa cair uma pedra, da mesma altura e no mesmo instante em que você lança horizontalmente uma outra pedra, esta última leva mais tempo para retornar ao chão.
Os gregos antigos também desenvolveram uma verdadeira paixão pela geometria. Eles acreditavam que o círculo era a forma "perfeita", apesar das manchas que podiam observar na Lua e das manchas solares que, ocasionalmente, podiam ser vistas a olho nu no crepúsculo.
Esta quase adoração pela perfeição do círculo levou os gregos antigos a postularem que, uma vez que os céus também são "perfeitos", as órbitas planetárias tinham de ser circulares.
Os antigos gregos foram os primeiros a construir um modelo cosmológico capaz de interpretar os movimentos aparentes da Lua, do Sol, dos planetas e das estrelas no céu.
Como veremos abaixo, no século VII a.C. os gregos desenvolveram a idéia de que as estrelas eram fixas sobre uma esfera celeste que girava em torno de uma Terra esférica a cada 24 horas. Para eles os planetas, o Sol, a Lua, se moviam em um éter que permeava o meio entre a Terra e as estrelas.
Para a maioria dos astrônomos gregos parecia haver uma esmagadora evidência de que a Terra era estacionária e que os céus é que se moviam. Isso era aceito até mesmo pelo maior astrônomo entre eles, Hiparcus. Como seus predecessores Hiparcus acreditavam que devia ser possível analisar o movimento das esferas. Como achasse os dados disponíveis inadequados, devotou sua vida não à Cosmologia, mas à tarefa primária de um astrônomo daquela época - a observação de estrelas individuais.
Depois do declínio grego, a civilização romana ainda conseguiu produzir algum conhecimento, se bem que na maior parte das áreas, a um nível incomparavelmente inferior ao dos gregos. A partir do século V, com o início da decadência irreversível do Império Romano após a invasão do sul da Europa por povos mais ou menos bárbaros vindos do Norte, o poder ficou nas mãos de quem não possuía uma evolução cultural e intelectual, suficiente para assimilar os conceitos associados ao saber criado pelo mundo greco-romano. A partir daí, o processo de criação de saber mergulha no vazio, e na Europa assiste-se ao início de uma crise civilizacional profunda.
É um pouco mais a oriente, na Síria, na Pérsia, e sobretudo em Constantinopla, que se tenta preservar o saber criado pelas civilizações da Antiguidade. O Islão tem então um papel histórico que se revelará de extrema importância. Na verdade, a civilização muçulmana chamou a si a responsabilidade de recolher, preservar, e transmitir o conhecimento produzido pelas civilizações anteriores, mas sobretudo o que havia sido criado pela civilização grega.
Os gregos quase de imediato, começa a sentir-se a necessidade de traduzir suas obras também para latim essas obras até então desconhecidas ou, nalguns casos, simplesmente ignoradas. Essas traduções para latim tiveram o efeito esperado, ou seja, um número muito maior de estudiosos passou a ter acesso à cultura grega.
Foi necessário um trabalho prévio de assimilação das obras gregas, para depois se passar à fase seguinte: questionar esses trabalhos. Foi assim que as questões cosmológicas foram repensadas, e as conseqüências dessa reflexão foram importantes na evolução da astronomia que se verificou posteriormente.
Do ponto de vista puramente astronômico, não pode ser ignorada a influência que teve a obra de Ptolomeu, o Almageste, no seio das universidades européias da época. Na verdade, a “Bíblia da Astronomia” possuía virtuosidades técnicas tais, que não era comparável a nenhum outro trabalho astronômico conhecido na Europa, e o debate surge com naturalidade. Entre os problemas mais discutidos desde o início, estavam naturalmente questões filosóficas, religiosas, e cosmológicas. A discussão rapidamente transpôs as portas das universidades, “atingindo” fortemente tudo e todos, mas principalmente outros intelectuais, e não apenas os acadêmicos, que entretanto se tinham dado conta da necessidade de repensar os modelos teológicos.
Apesar do declínio, o sistema geocêntrico de Ptolomeu, inspirado no universo aristotélico, e em todo o conhecimento que ele encerra, pode ser considerado como uma das maiores obras astronômicas produzidas por aquela civilização, mesmo tendo em conta que não incluía muitos dos desenvolvimentos criados pela cultura grega. Podemos referir, por exemplo, que a idéia de Platão de um universo infinito, não estava contemplada, o mesmo acontecendo em relação à sugestão de Demócrito segundo a qual a Via Láctea seria um enorme aglomerado de estrelas. Contudo, em termos de evolução da astronomia, talvez mais grave, terá sido o fato de Ptolomeu ter completamente ignorado a proposta de Heraclides, segundo a qual a Terra deveria rodar sobre si própria, e a de Aristarco, que propunha que a Terra orbitária em torno do Sol.
O início da revolução efetuada pelos gregos pode situar-se por volta do início do século VI a.C.,. É também a partir dessa época que é possível reconhecer uma utilização sistemática da geometria, nos métodos adotados pelos astrônomos gregos, métodos esses que teriam uma importância fundamental na evolução da ciência, nos séculos que se seguiriam. Convém dizer que o que hoje sabemos sobre o conhecimento astronômico grego no início desta nova época, se deve às obras de Aristóteles que chegaram até nós, as quais foram escritas cerca de dois séculos mais tarde, isto é, no século IV a.C., e onde Aristóteles nos oferece uma compilação do conhecimento produzido pelos pensadores gregos dos séculos anteriores. Aristóteles refere muitas reflexões e propostas de filósofos e pensadores em geral, mas no que à astronomia e cosmologia diz respeito, merecem destaque as referências a Tales, Anaximandro, Anaxímenes, e Pitágoras, todos do século VI a.C.
Foram eles que começaram a desenvolver o método científico de investigação. Na Grécia antiga os pesquisadores começaram a se preocupar em ser céticos quanto às explicações imediatas dos fenômenos que ocorriam à sua volta. A ciência passou a ter uma forte conotação experimental e o cientista passou a ser um investigador.
A característica do gênio Filosófico grego pode-se compendiar em alguns traços fundamentais: racionalismo, ou seja, a consciência do valor supremo do conhecimento racional; esse racionalismo não é, porém, abstrato, absoluto, mas se integra na experiência, no conhecimento sensível; o conhecimento, pois, não é fechado em si mesmo, mas aberto para o ser, é apreensão (realismo); e esse realismo não se restringe ao âmbito da experiência, mas a transpõe, a transcende para o absoluto, do mundo a Deus, sem o qual o mundo não tem explicação; embora, para os gregos, o "conhecer" - a contemplação, o teorético, o intelecto - tenham a primazia sobre o "operar" - a ação, o prático, a vontade - o segundo elemento todavia, não é anulado pelo primeiro, mas está a ele subordinado; e o otimismo grego, conseqüência lógica do seu próprio racionalismo, cederá lugar ao pessimismo, quando se manifestar toda a irracionalidade da realidade, quando o realismo impuser tal concepção. Todos esses elementos vêm sendo, ainda, organizados numa síntese insuperável, numa unidade harmônica, realizada por meio de um desenvolvimento também harmônico, aperfeiçoado mediante uma crítica profunda. Entre as raças gregas, a cultura, a Filosofia são devidas, sobretudo, aos jônios, sendo jônios também os atenienses.
Independentemente das fontes onde beberam os pensadores gregos da Antiguidade Clássica, podemos dizer que a civilização ocidental tem as suas raízes mais profundas mergulhadas na civilização grega daquela época.
Na verdade, a civilização grega da Antiguidade operou uma transformação cultural e civilizacional de tal envergadura que afetou todas as áreas do conhecimento, e marcou a primeira grande ruptura verificada na história do pensamento humano. Foi esta ruptura que alterou em definitivo, e radicalmente, o percurso evolutivo da civilização ocidental. De tal forma que, passados cerca de 2500 anos, podemos dizer que a Grécia da Antiguidade continua presente. O Homem grego foi sempre testemunha de uma humanidade que quase não mudou ao longo dos tempos. A cultura grega chega aos nossos dias atingindo-nos fortemente, e se assim não fosse, o mundo ocidental não seria certamente como hoje o conhecemos.
O pensamento grego esteve presente em Mileto, com Tales, mas também em Atenas, com Sócrates, e ainda em Alexandria, com Aristarco, antes de brilhar em Siracusa, com Arquimedes. Mais tarde estará em Roma e em Florença, com os de Medicis, sem nunca deixar de influenciar a cultura ocidental até aos dias de hoje. Apesar das primeiras reflexões filosóficas sistemáticas e sustentadas terem tido a sua origem na Grécia Antiga, é muitas vezes admitido que os problemas essenciais não mudaram significativamente desde então... podendo considerar-se que os filósofos gregos “apenas” indicaram o caminho, que depois, e até à época actual, a ciência mais não fez que percorrer.
O fato dos gregos antigos ter desenvolvido esta forma de pensamento objetivo não surgiu do nada. Vários fatores culturais específicos presentes na sua civilização permitiram que o método científico pudesse se instalar entre os Filósofos da Grécia antiga. Podemos destacar alguns destes fatores:
*- o primeiro deles foi a possibilidade da discussão franca dos mais variados assuntos. Isto ocorria nas assembléias onde, pela primeira vez, o debate racional permitia que uns tentassem persuadir outros de que seus argumentos eram os mais corretos. O debate é um ponto fundamental para o desenvolvimento científico;
*- outro ponto importante foi a economia marítima desenvolvida pelos gregos. Isto impedia o isolamento e o provincianismo do seu povo. Eles recebiam, o tempo todo, muitas influências de outras culturas;
*- o terceiro fator foi à existência de um mundo bastante amplo que usava a língua grega. Isto permitia que os viajantes e, principalmente, os eruditos pudessem perambular adquirindo mais experiência e mais conhecimento. a existência de uma classe mercantil independente, que podia contratar os seus próprios professores, foi também um fator bastante importante para a sociedade grega. Isto tirava o conhecimento das mãos exclusivas dos nobres ou daqueles associados à nobreza;
*- outro ponto importante foi o fato dos gregos possuírem uma religião literária que, embora tivesse a presença de sacerdotes, não era dominada por eles. Isto fez com que a liberdade de expressão fosse maior, e não houvesse tanto medo em expressar suas opiniões.
Se você reúne todos estes fatores durante mil anos, como ocorreu na Grécia, terá, provavelmente, o resultado científico que foi obtido pelos gregos antigos. No entanto, segundo alguns historiadores, a reunião de todos esses fatores numa grande civilização é totalmente fortuita e não acontece duas vezes.
O desenvolvimento da matemática grega foi um fato da maior importância para o desenvolvimento da ciência naquela região. No entanto, os primeiros passos dados pela ciência grega, bastante rudimentar e freqüentemente sem qualquer apoio de experiências ou observações, tinham muitos erros, alguns deles bastante sérios. Por exemplo, os antigos gregos acreditavam que quando você atira uma pedra na direção horizontal, o seu movimento horizontal atua sobre ela de forma a mantê-la mais tempo levantada. Deste modo, os gregos antigos acreditavam que se você deixa cair uma pedra, da mesma altura e no mesmo instante em que você lança horizontalmente uma outra pedra, esta última leva mais tempo para retornar ao chão.
Os gregos antigos também desenvolveram uma verdadeira paixão pela geometria. Eles acreditavam que o círculo era a forma "perfeita", apesar das manchas que podiam observar na Lua e das manchas solares que, ocasionalmente, podiam ser vistas a olho nu no crepúsculo.
Esta quase adoração pela perfeição do círculo levou os gregos antigos a postularem que, uma vez que os céus também são "perfeitos", as órbitas planetárias tinham de ser circulares.
Os antigos gregos foram os primeiros a construir um modelo cosmológico capaz de interpretar os movimentos aparentes da Lua, do Sol, dos planetas e das estrelas no céu.
Como veremos abaixo, no século VII a.C. os gregos desenvolveram a idéia de que as estrelas eram fixas sobre uma esfera celeste que girava em torno de uma Terra esférica a cada 24 horas. Para eles os planetas, o Sol, a Lua, se moviam em um éter que permeava o meio entre a Terra e as estrelas.
Para a maioria dos astrônomos gregos parecia haver uma esmagadora evidência de que a Terra era estacionária e que os céus é que se moviam. Isso era aceito até mesmo pelo maior astrônomo entre eles, Hiparcus. Como seus predecessores Hiparcus acreditavam que devia ser possível analisar o movimento das esferas. Como achasse os dados disponíveis inadequados, devotou sua vida não à Cosmologia, mas à tarefa primária de um astrônomo daquela época - a observação de estrelas individuais.
DECLÍNIO GREGO
Depois do declínio grego, a civilização romana ainda conseguiu produzir algum conhecimento, se bem que na maior parte das áreas, a um nível incomparavelmente inferior ao dos gregos. A partir do século V, com o início da decadência irreversível do Império Romano após a invasão do sul da Europa por povos mais ou menos bárbaros vindos do Norte, o poder ficou nas mãos de quem não possuía uma evolução cultural e intelectual, suficiente para assimilar os conceitos associados ao saber criado pelo mundo greco-romano. A partir daí, o processo de criação de saber mergulha no vazio, e na Europa assiste-se ao início de uma crise civilizacional profunda.
É um pouco mais a oriente, na Síria, na Pérsia, e sobretudo em Constantinopla, que se tenta preservar o saber criado pelas civilizações da Antiguidade. O Islão tem então um papel histórico que se revelará de extrema importância. Na verdade, a civilização muçulmana chamou a si a responsabilidade de recolher, preservar, e transmitir o conhecimento produzido pelas civilizações anteriores, mas sobretudo o que havia sido criado pela civilização grega.
Os gregos quase de imediato, começa a sentir-se a necessidade de traduzir suas obras também para latim essas obras até então desconhecidas ou, nalguns casos, simplesmente ignoradas. Essas traduções para latim tiveram o efeito esperado, ou seja, um número muito maior de estudiosos passou a ter acesso à cultura grega.
Foi necessário um trabalho prévio de assimilação das obras gregas, para depois se passar à fase seguinte: questionar esses trabalhos. Foi assim que as questões cosmológicas foram repensadas, e as conseqüências dessa reflexão foram importantes na evolução da astronomia que se verificou posteriormente.
Do ponto de vista puramente astronômico, não pode ser ignorada a influência que teve a obra de Ptolomeu, o Almageste, no seio das universidades européias da época. Na verdade, a “Bíblia da Astronomia” possuía virtuosidades técnicas tais, que não era comparável a nenhum outro trabalho astronômico conhecido na Europa, e o debate surge com naturalidade. Entre os problemas mais discutidos desde o início, estavam naturalmente questões filosóficas, religiosas, e cosmológicas. A discussão rapidamente transpôs as portas das universidades, “atingindo” fortemente tudo e todos, mas principalmente outros intelectuais, e não apenas os acadêmicos, que entretanto se tinham dado conta da necessidade de repensar os modelos teológicos.
CARPEMA
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